domingo, abril 03, 2005

1 de Abril

Naturalmente que é mentira que as torres de Alcantara estejam postas de parte.
Estão esquecidas, num silêncio preocupante.
Estejamos atentos, ou vamos vê-las aparecer num ápice, e depois... está feito.

1 Comments:

At 1:19 da manhã, Blogger blog mestrado said...

Mentira talvez não seja o termo mas infelizmente não vale a pena esperar por elas. O tempo das grandes arquitecturas em Alcântara já passou, o tempo em que os ricos, como o Visconde Valle-Flor, mandavam construir gigantescos edifícios de pedra e ainda por cima no cume do monte mais alto, obras de grande ostentação, de gosto estrangeiro, daquelas que descaracterizam a cidade. Naquele tempo apenas as pessoas cultas tinham voz, os pobres como nós estavam sempre afónicos e, por isso, hoje temos edifícios que vale a pena preservar (não sei porque raio não o fazemos).
Agora a nossa voz tem mais poder que a arte desse Siza Vieira e qualquer guarda-freio ou cabeleireira vê logo, durante o intervalo da Quinta das Celebridades (será que tem?) ou de um jogo de futebol, que está tudo mal, quem sabe como se faz a cidade são eles e arrumam tudo com um raciocíno de dois minutos e com três ou quatro argumentos de algibeira.
Podemos concerteza ficar descansados, nós e os nossos filhos, porque não haverão edifícios que nos obriguem a pensar e o mais certo será mesmo florescerem os centros de artes populares, daqueles onde as cabeleireiras reformadas aprenderão a pintar azulejos e os guarda-freios desempregados se entregarão ao karaoke (canções de compasso binário e harmonias de Sol e Dó, porque as outras mais complexas serão banidas em conjunto com a Arquitectura, o que não será um problema porque já ninguém as entenderá nem quererá entender).
Já não vamos ver meninos de calções com a farda da Mocidade mas veremos certamente os edifícios de Lisboa bem nivelados, como que fardados, todos iguais, mas de pé descalço porque corremos com os sapateiros.

 

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